O momento de maior vergonha alheia/cômico de tão absurdo com o pessoal do trabalho essa semana foi esse “Guia de estilo” no site do Shopping Iguatemi.
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O conteúdo, que deveria ser composto apenas de algumas dicas de experts para se vestir melhor VALORIZANDO seu gosto e biotipo, é carregado de frases ofensivas, discriminação, culto aos padrões estéticos, cagações de regra e como se não fosse o bastante…machismo.
Algumas pérolas do guia feminino:
– “Quadris largos: você é do tipo gostosa para os padrões brasileiros, mas difícil de se encaixar nas regras da moda.”
– “Pernas grossas: assim como os quadris largos, as pernas grossas fazem parecer que você está acima do peso […] chamar a atenção para o tronco e SUMIR com as pernas.”
– “Baixinha: sua única preocupação é parecer mais alta”
– “Muito alta: Você pode tudo […] Se sua altura não veio acompanhada de quadris largos, pernas grossas, muito seio e OUTRAS imperfeições…
– “Gordinhas: Se a balança não colabora, a dieta parece não funcionar e você está acima do peso, o jeito é disfarçar!” (TSC TSC…TÁ TUDO ERRADO!)
– “Muito magras: Se você não é top model e é muito, muito magra, tudo fica bem em você, até peças oversized.”
Entendi… Muito altas e muito magras podem tudo. As outras devem disfarçar e parecer serem o que não são.
Onde entra o MACHISMO?
Olha as dicas do guia de estilo para homens:
– “Baixinhos: Assuma sua pouca altura e tire proveito dela […] NÃO TENTE parecer mais alto.”
– “Altões: acredite no poder dos seus 2m ou mais. Se sua mulher ou namorada for do tipo pequena e miudinha, FAZER O QUÊ? Divirta-se com o contraste.”
– “Gordinhos: É a balança que conta se você está muito ou só um pouco acima do peso esperado para sua altura e constituição física.” (Percebem a diferença no tom direcionado ao público masculino?)
Apenas parem. Dane-se a indústria, a moda, os padrões e tudo o mais. Se essa vai ser a desculpa, então deixa essa merda toda lá nas passarelas
Marcas, cada vez que um erro grotesco de abordagem como este é posto em prática, todos os passinhos de formiga que o empoderamento das mulheres e os estímulos à aceitação da diversidade estética são desrespeitados. Atrasados. Se vocês não se importam com um mundo mais justo no que diz respeito às diferenças, ao menos respeitem o próprio público que vos consome.
O Shopping Iguatemi pode estar recheado de musas altas e magras “perfeitas” ou aspirantes à tal. Mas o Brasil é tão grande. São Paulo é tão grande. Tem tanta gente diferente. Tem tanta mulher fora desse padrão exalando beleza só por estar feliz consigo mesma.
Deixa a mulherada transformar a “imperfeição” no que a faz única e brindar a aceitação usando não só o que necessariamente cai “melhor” em seu corpo e sim o que a faz-se sentir bem e confiante. Quando for pra opinar em algo que seja pra acrescentar e não pra diminuir a mulher de modo a induzi-la a querer ser o que não é. Chega! Estamos cansadas. Deixem a gente ser a gente mesma como vocês deixam o cara altão rir da própria imperfeição ou o baixinho ser o que de fato é. Se você atua no ramo da moda, não faça escravas, faça companheiras, amantes, fãs, admiradoras. Fazemos uma parceria, uma troca.
É isso.