Diário de um nude (+18)

nudes

Olá,

Estava aqui de boa quando abri o Snapchat, não sei se foi a luz ou o clima, ou talvez o fato de eu estar olhando fixamente pro seu decote e não para os seus olhos mas vi em “minhas histórias” seu rosto sorrindo e pensei “cara, imagina essa carinha me olhando”.

Sei que você não pediu pra ver nem nada, e talvez seja atrevimento da minha parte mas bem não ligo de invadir seu espaço e de ser totalmente invasivo vou mandar assim mesmo!

Claro que depois que você abrir e me devolver a mensagem me xingando eu vou responder na maior cara lavada:

– Desculpa foi engano!

E embora sua resposta vá ser grossa e por mais que você queira parecer gritar com todas as letras em caixa alta, vou ignorar todas os palavões que você decidiu usar no fundo, no fundo eu sei que você gosta.

 

 

 

 

Deixem os mortos descansar

Olá meu nome é NÃO SEJA TROUXA e só namorei duas vezes em toda a vida. Aliás uma dessas vezes eu casei (sim, de verdade). Será que isso tudo cabe na minha testa? Porque sempre que minha família se encontra esse é o assunto principal.

Falam do meu ex namorado, falam do meu ex marido, fazem previsões até pro meu futuro. Tudo isso sem levar em consideração as minhas vontades, ou o que quero pra mim. Quando eu digo que não quero filhos, ou que não vou casar novamente todos dão risada. “Daqui a uns anos ela muda de ideia”, pode ser que sim mas e se eu não mudar? E qual problema em não mudar de ideia? O que tem de errado em não querer uma vida padrão margarina pra mim?

Não é trauma, talvez seja, sei o que quero pra mim e tenho prioridades na vida. Percebi que todo mundo pensa que sabe muito da vida, o suficiente pra dizer como você tem que levá-la. Uma coisa eu aprendi, não se joga pedra no telhado dos outros quando o seu é de vidro.

Deixem os mortos descansar, parem de falar do passado, dos erros, das escolhas de outras pessoas. Tudo que vivemos molda o nosso caráter e sem toda essa bagagem não seríamos quem somos.

Por que elas continuam com seus agressores?

agressão

O roteiro é recorrente: sempre que uma mulher é espancada, mutilada ou morta por um parceiro, principalmente quando algum tipo de agressão já havia ocorrido, muitas pessoas questionam as atitudes que não foram tomadas pela vítima. “Por que não se separou?” e “por que não fez a denúncia?” são algumas das indagações mais frequentes. Afinal, por que alguém permaneceria em um relacionamento em que se é surrada e humilhada?

Mas na vida real e na hora fatídica de tomar uma decisão, muitos fatores estão presentes para dificultar a libertação da mulher agredida. Os efeitos da violência psicológica são obstáculos muito duros; para uma mulher que escuta o tempo inteiro que não tem valor, que é xingada, que tem sua aparência física debochada e suas capacidades intelectuais menosprezadas, pode ser muito difícil compreender que a situação da violência não é parte da vida e não deve ser aceita. Muitas vítimas acabam acreditando que devem suportar as agressões, pois – como o seu agressor lhes diz – nenhuma outra pessoa atribuirá a elas qualquer valor. “Estou te fazendo um favor”, diz quem violenta. E as feridas criadas por esse tipo de violência são difíceis de cicatrizar.

Por isso, não é incomum nos depararmos com mulheres que apanham de seus parceiros com frequência, mas não se sentem capazes de sair daquele relacionamento e nem conseguem enxergar uma vida possível a partir da separação, por mais que terceiros apontem as alternativas. No entanto, em uma cultura que desvaloriza o conhecimento sobre a mente e os sentimentos humanos, é muito mais comum que se critique as vítimas que possuem a autoestima destruída do que tentar compreender as consequências terríveis dos abusos.

Além do fator psicológico, muitas mulheres não possuem alternativas concretas e nem conseguem receber auxílio para deixarem o contexto em que sofrem agressões. Desde a falta de suporte da família, até a falta de recursos financeiros, muitos elementos se juntam e criam um verdadeiro muro de isolamento. Como a vítima poderia fugir da situação de violência se os familiares “não se metem” na situação? Ou se ela não conta com suporte psicológico e nem tem meios imediatos para viver uma vida independente?

Em incontáveis casos, permanecer na relação sofrendo violência é a única alternativa para que aquela mulher continue comendo, vestindo e morando sob um teto – ainda que tudo isso seja controlado com crueldade.

Para aquela mulher que tem filhos com o agressor, a situação é ainda mais difícil, pois dificilmente a justiça funciona com rapidez para garantir a proteção e o afastamento do indivíduo que violenta a mulher. Muitos abusadores usam os filhos como brecha para se aproximarem da vítima e muitas vezes essa única oportunidade acaba com a morte da mulher e até mesmo das crianças.

Se os fatores pessoais das vítimas já causam obstáculos muito difíceis de transpor, ainda vale lembrar que nem mesmo as delegacias da mulher estão totalmente aptas para receber, acolher e orientar as vítimas. Na cidade do Crato (CE), por exemplo, a própria delegada já praticou abusos verbais contra as mulheres que procuravam ajuda. De fato, mesmo as vítimas que procuram ajuda acabam sem informações, sem ajuda e sem qualquer segurança de que serão protegidas, sem contar com o medo de despertar a ira do agressor.

Com tantos elementos hostis pesando contra as mulheres, muitos deles embasados em uma cultura naturalizada de machismo, não é difícil entender os motivos das vítimas que continuam com seus agressores.

Por trás de cada mulher que “perdoa” o homem que a violenta e insiste no relacionamento, há toda uma sociedade ensinando que mulheres devem tolerar o comportamento agressivo dos homens e que se elas se dedicarem, esses mesmos homens podem mudar.

Há negligência, falta de informações e falta de suporte real por parte de amigos e familiares. Por trás de cada vítima que continua com seu agressor, há uma mente destroçada e falta de autonomia.

O papel daqueles que estão ao redor e que acompanham as notícias trágicas sobre mulheres vítimas de violência doméstica deve ser um compromisso com a conscientização e o esforço para a eliminação do machismo das práticas cotidianas. Não adianta apontar o dedo na cara da vítima, mas continuar a se calar diante do machismo no dia-a-dia; afinal, é ele que está por trás de todo esse quadro de violência contra mulheres.

Foto de capa: Reprodução / Facebook  Texto original 

Leia também: Cultura do estupro e Busca no Google expõe relação entre separações e violência contra a mulher

Diário de uma broxada (+18)

broxada

A VERSÃO DELE

Estava eu diante daqueles belos e suculentos peitos…

Já tinha encontrado a guria algumas vezes, em alguns encontros rolou, em outros não. Naquele em especial eu estava com bastante sono e fui vê-la mais por desencargo de consciência do que necessariamente porque eu estava afim. Mas fui, conversamos a madrugada toda, como sempre e quando o sol já estava nascendo o fogo daquela mulher começou a ascender.

Veja bem, eu não estava fazendo absolutamente nada pra  isso acontecesse, nem perto um do outro estávamos, mas mesmo assim era como ela tivesse girado a alavanca. Ela é especialmente bem safada, mas como disse estava bem cansado e me deixei levar…. Até que não tinha santo que fizesse levantar. Veja bem foi bem constrangedor não conseguir representar e confesso que isso mexeu bastante comigo. Fiquei com aquela sensação de eu precisava me redimir de alguma forma.  Mas nunca mais nos vemos depois daquela noite, uma pena porque eu realmente queria mostrar que podemos fazer um sexo incrível.

 

A VERSÃO DELA

Lá estava ele, depois de eu insistir pra que fosse me ver. Já era bem tarde e eu estava com sono. Mas fiquei feliz só de saber que ele iria. Nunca criei expectativas em relação a se a gente ia ficar ou só conversar, porque nada era obrigatório comigo, não haviam regras. 

Mas confesso que, estava realmente querendo algo mais íntimo naquela madrugada, porque a conversa já durava horas e eu queria mesmo carinho, o toque. Algo que nos deixasse mais próximos nem que fosse só sexo. Aquela altura eu já estava meio “apaixonadinha” por ele mesmo sabendo que o mesmo reunia todas as coisas que detesto em um cara. 

Comecei a pedir carinho e fui beijando ele que parecia reagir a “passos de lesma”. Em certo ponto parecia que estava tudo “caminhando para caminhar” quando no meio do esfrega ele simplesmente murchou. Veja bem, fui bem compreensiva e já passei da fase de achar que essas coisas acontecem por culpa da minha. Quer dizer quando eu era mais nova eu ficava arrasada mas hoje eu só entendo, de verdade mesmo. Não julgo, apenas relaxo e tento fazer a pessoa se sentir o melhor possível. 

Depois disso qualquer zoação que eu fazia relacionada ao fato de nem sempre ele parecer que quer ficar ou não, era interpretada com um “eu estava com sono aquele dia”. Se eu falasse o bolo murchou, soava como uma indireta pra ele. 

Comecei a reparar numa tendência, os caras com quem me relacionei e que broxaram sempre voltavam no assunto de alguma forma, como se tivessem que se justificar pelo acontecido seguido de um “vamos marcar pra eu te mostrar como hoje estou disposto”. 

Broxar é normal, é chato? É! Masssssss faz parte. E sinceramente, quando algo é ruim a gente não fica falando disso então homens apenas parem! Como mulher entendemos as variáveis e acredite o mundo não gira em torno do seu pênis.

Eu não vi mais o dito cujo e a broxada foi o menor dos motivos pra isso não ter acontecido. 

PS: Se você quer entender melhor as vertentes da broxada. Sugiro que leia ESSE TEXTO do Papo de Homem. 

A título de curiosidade: Pesquisa revela que 35% dos homens já broxaram durante sexo casual.

 

 

Cultura do estupro

machismo

Estava eu na internê da vida, quando me deparei com essa matéria: Thousands of men strip, molest, and sexually assault women in a water park in Ha Noi after they announced a 2-hour free entrance to the park. Depois de ler a matéria fiquei desorientada, enojada e com uma raiva que me motiva a pensar em extermínio. Uma antropóloga disse em uma matéria ao Estadão sobre os estupros de Bill Cosby que a violência sexual persiste porque ensinamos as mulheres a se protegerem, mas nunca os homens a não estuprar.

Mas essa é, infelizmente a nossa realidade, que ensina que mulher não pode andar de roupa curta porque se ela for estuprada é porque estava provocando, “mereceu”.  Um país que está mais preocupado em criar cartilha pra cura gay e não em desconstruir o machismo é preocupante.  A educação vem de casa, mas pra mim, esse tema deveria ser abordado nas escolas desde sempre, como matéria obrigatória.

Recentemente a novela da Globo, Babilônia tem tratado do tema homossexualismo e machismo. Uma família evangélica que abomina um casal gay, não quer que a filha namore o filho das rotuladas “invertidas”. Parece exagerado mas não é. Essa é a verdade de muitas famílias que preferem dizer “mereceu apanhar, quem manda ser veado” ou “mas também usando essas roupinhas ia acontecer mais cedo ou mais tarde”. Do que entender que todos somos seres humanos, independente da crença, raça ou religião e que temos SIM todo direito de usar roupa curta, de ficar com homem/mulher ou os dois. De transar no primeiro encontro e de ficar com um ou vários em uma noite.

Aliás uma série que tem trabalhado bem o tema é Orange is The New Black, vide esta matéria AQUI

No mesmo dia me mandaram a matéria de uma menina que foi linchada virtualmente por fazer sexo a três na rua. E nos comentários a reclamação não era por ela estar fazendo sexo em um local público, o que é crime no Brasil com pena cabível de no mínimo três meses e no máximo um ano. Mas sim por ela ser uma mulher que estava transando com dois homens. Contra os dois sujeitos nada foi dito, mas já contra ela as críticas foram duras pra não dizer pesadas e absurdas.

Na matéria acima citada o ápice da minha indignação foi ler de um profissional que deveria ser a “pessoa qualificada” para explicar esse tipo de comportamento e de tratar a mente das garotas que foram molestadas e violadas a seguinte declaração:

A professional psychologist with a Master’s Degree of Education said: “It’s THE GIRLS’ FAULT for not knowing how to protect themselves.”

He said “First thing first about this issue, the one who should be BLAMED THE MOST ARE THE GIRLS, in the environment where people are naked 80% or more, the action (referring to molestation and rape) is inevitable.

Ele diz que as meninas deveriam ser responsabilizadas e que em um ambiente onde todos estão quase nus o estupro é inevitável e que é responsabilidade das meninas saber se proteger (oi?). Levei esse assunto para debate em um grupo de amigas no Facebook e conforme observado por uma delas, imagine a seguinte situação: o cara de boas, mas sem camisa, aí vem uma mina e agarra o pinto dele, é culpa dele porque ele estava sem camisa se “insinuando”. Inverter os papéis mostra o quão absurdo é culpar a vítima porque na cabeça dessas pessoas, não parece ser absurdo.

E o machismo não acontece só do lado masculino não, se a situação hipotética colocada acima acontecesse de fato com um homem, corre o risco de ninguém achar errado o que já é bem errado. Como minha amiga mesmo diz, porque na teoria o homem não rejeita nada.

Não é só a mente masculina que devemos desconstruir é também a mente feminina. Mas não de um jeito violento,   enfiando o dedo no olho, quando eu vejo um comentário ignorante, claro que isso me revolta mas eu fico com pena da pessoa que falou, pena da ignorância, da limitação. E ao invés de ir lá xingar ou rebater, se eu entro pra fazer um comentário me preocupo muito em mostrar um argumento plausível, demonstrar um ponto de forma coerente e principalmente de forma desarmada.  Vide ESTE TEXTO do Gregório Duvivier “quem não quer ajudar, não atrapalha”.

Conversei com a psicóloga Nathalia Carballeira Pereira,  psicóloga mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, com especialização no instituto Junguiano de Zurique, sobre o incidente com as jovens no parque e para ela o estupro é uma violência e como toda violência ela não está meramente conectada a um fator isolado. É uma rede de fatores que envolvem aspectos individuais, sociais e culturais. A vestimenta por si só não seria um argumento válido pelo simples fato de que índios andavam nus e as taxas de estupro entre eles eram baixíssimas; o mesmo em praias de nudismo: lá todos estão com seus corpos a mostra e os índices de violência sexual são ínfimos. Logo, o argumento da roupa provocativa ou propícia já cai por terra quando o assunto é a violência sexual.Um homem que se dá o poder e o direito sobre o corpo de outra pessoa (seja homem ou mulher, sexualmente ou não), não está unicamente movido pela aparência física ou pessoal da vítima. Da mesma forma que as possíveis consequências punitivas por seus atos, tampouco exercerão o controle para que ele deixa de fazê-lo.

Viviane Leone:  Você acha que esse tema deveria ser tratado como matéria escolar pra desconstruir a cultura machista?

Nathalia Carballeira: De imediato não sei se concordo com essa idéia porque ela alimenta uma outra idéia da escola como lugar de norma/normatização. Usar de um norma para desconstruir a outra retroalimenta a idéia da lei, do que é certo e errado como “dado”. Se entendi a pergunta, acredito que não semearia a auto-crítica, a auto-consciência e o valor – que é individual e também coletivo- que atribuímos aos outros. Não é algo que é ensinado com a palavra, em uma aula de 50min, entende? Não só as mulheres são violentadas e se tornam invisíveis. Pegue a cidade de SP, quantos invisíveis violentados das mais diversas formas existem? O olhar, o respeito, e empatia, o limite, são semeados ao longo da vida por palavras e também atitudes. Ser coerente é muito mais complexo do que parece. Como humanidade temos um caminho longo a percorrer, mas a longo prazo eu acredito seja viável uma transformação. Eu ja me sinto otimista com o fato das mulheres estarem ganhando maior visibilidade…. é a porta de entrada para o debate e carrega um potencial valioso.

Viviane Leone: Qual é o procedimento psicológico adotado para tratar uma vítima de abuso?

Nathalia Carballeira: Não existe um procedimento psicológico específico para cuidar de uma determinada queixa como uma violência sexual. Até por que cada indivíduo vive uma violência de forma muito particular que pode ou não desencadear outros sintomas e queixas. O que eu posso dizer é que vítimas de violência sexual (principalmente na infância) tem a maior probabilidade de desenvolver alguns quadros psiquiátricos no futuro, por isso, bem como com qualquer outro sintoma é importante que o profissional fique a tento para a possibilidade de um trabalho conjunto com um psiquiatra

Viviane Leone: Você acha que o argumento de “meu corpo, minhas regras”, acaba deturpando o bom senso das pessoas? Digo isso por causa de uma jovem que fez sexo à três no meio da rua e teve sua relação intima exposta na internet. Independente do corpo ser dela fazer sexo em local público é crime.

Nathalia Carballeira: Vivemos atualmente uma linha muito tênue entre o que é da esfera pública e privada. Os meios digitais e essa nova era da rápida informação contribui para uma fluidez neste campo que nos deixam com muitas perguntas e poucas respostas. Sem dúvida, qualquer sujeito detém o poder sobre seu próprio corpo mas esse indivíduo é também coletivo e está inserido em uma cultura, logo, ele está sujeito as leis da mesma forma que qualquer pessoa. Eu não posso legitimar as minhas próprias vontades individuais em detrimento do coletivo ( se bem que vemos muito isso ultimamente…)

Viviane Leone: Na sua opinião como poderemos combater os extremismos tanto machismo quanto feminismo? É possível chegar a um meio termo?

Nathalia Carballeira: Qualquer extremo já diz de sua própria condição por si mesmo. Eu não penso que são idéias a serem combatidas, e tampouco me daria a licença de avaliar se o “meio termo” seria o ideal, a dialética sugere que da tese surge a antítese e daí, uma nova síntese. Talvez do que precisemos seja de um novo terceiro, ainda desconhecido mas potencialmente presente.

Conversei também com a psicóloga especializada em terapia cognitivo-comportamental Rita K.A Costa que concorda que sexologia deveria ser um curso aplicado. “Já passou da hora de pensarmos de forma diferente a respeito deste tema. Sou favorável a ensinar adolescentes como lidar com sua sexualidade, sem crendices e proibições horrorosas que limitam e causam disfunções”, reforçou.

Para ela essa questão deve ser olhada mais que com atenção, com carinho. “É triste saber que ainda existem pessoas que discriminam e confundem papéis e responsabilidades, como esse psicólogo anônimo”.

O respeito ao corpo também se dá com a autopreservação. Certo que a autonomia pelo corpo é do próprio indivíduo, mas existem regras coabitando determinadas manifestações dessa liberdade.

Leia também: A Garota Filmada num Ménage no Canadá Está Aqui para Lembrar que as Mulheres Podem Fazer o que Quiserem.

Leia também: Lady Gaga fala sobre sexismo. 

Sobre a cultura do ‪#‎MandaNudes‬ e slut shaming. Quem curtiu o texto vale a pena escutar o programa Emoticon wink. Para ouvir clique AQUI.

Sobre ser mulher, ser gorda e ser jornalista esportiva.

 

 

Estilo não é para todas?

barbie

O momento de maior vergonha alheia/cômico de tão absurdo com o pessoal do trabalho essa semana foi esse “Guia de estilo” no site do Shopping Iguatemi.

LINK: AQUI

O conteúdo, que deveria ser composto apenas de algumas dicas de experts para se vestir melhor VALORIZANDO seu gosto e biotipo, é carregado de frases ofensivas, discriminação, culto aos padrões estéticos, cagações de regra e como se não fosse o bastante…machismo.

Algumas pérolas do guia feminino:

– “Quadris largos: você é do tipo gostosa para os padrões brasileiros, mas difícil de se encaixar nas regras da moda.”

– “Pernas grossas: assim como os quadris largos, as pernas grossas fazem parecer que você está acima do peso […] chamar a atenção para o tronco e SUMIR com as pernas.”

– “Baixinha: sua única preocupação é parecer mais alta”

– “Muito alta: Você pode tudo […] Se sua altura não veio acompanhada de quadris largos, pernas grossas, muito seio e OUTRAS imperfeições…

– “Gordinhas: Se a balança não colabora, a dieta parece não funcionar e você está acima do peso, o jeito é disfarçar!” (TSC TSC…TÁ TUDO ERRADO!)

– “Muito magras: Se você não é top model e é muito, muito magra, tudo fica bem em você, até peças oversized.”

Entendi… Muito altas e muito magras podem tudo. As outras devem disfarçar e parecer serem o que não são.

Onde entra o MACHISMO?

Olha as dicas do guia de estilo para homens:

– “Baixinhos: Assuma sua pouca altura e tire proveito dela […] NÃO TENTE parecer mais alto.”

– “Altões: acredite no poder dos seus 2m ou mais. Se sua mulher ou namorada for do tipo pequena e miudinha, FAZER O QUÊ? Divirta-se com o contraste.”

– “Gordinhos: É a balança que conta se você está muito ou só um pouco acima do peso esperado para sua altura e constituição física.” (Percebem a diferença no tom direcionado ao público masculino?)

Apenas parem. Dane-se a indústria, a moda, os padrões e tudo o mais. Se essa vai ser a desculpa, então deixa essa merda toda lá nas passarelas

Marcas, cada vez que um erro grotesco de abordagem como este é posto em prática, todos os passinhos de formiga que o empoderamento das mulheres e os estímulos à aceitação da diversidade estética são desrespeitados. Atrasados. Se vocês não se importam com um mundo mais justo no que diz respeito às diferenças, ao menos respeitem o próprio público que vos consome.

O Shopping Iguatemi pode estar recheado de musas altas e magras “perfeitas” ou aspirantes à tal. Mas o Brasil é tão grande. São Paulo é tão grande. Tem tanta gente diferente. Tem tanta mulher fora desse padrão exalando beleza só por estar feliz consigo mesma.

Deixa a mulherada transformar a “imperfeição” no que a faz única e brindar a aceitação usando não só o que necessariamente cai “melhor” em seu corpo e sim o que a faz-se sentir bem e confiante. Quando for pra opinar em algo que seja pra acrescentar e não pra diminuir a mulher de modo a induzi-la a querer ser o que não é. Chega! Estamos cansadas. Deixem a gente ser a gente mesma como vocês deixam o cara altão rir da própria imperfeição ou o baixinho ser o que de fato é. Se você atua no ramo da moda, não faça escravas, faça companheiras, amantes, fãs, admiradoras. Fazemos uma parceria, uma troca.

É isso.

Não seja aquele cara traumatizado

indo embora

 

Estava lendo um texto do Casal sem Vergonha, sobre homens que usam de “conversinha fiada” para ludibriar as meninas e conseguirem o que querem. Ou só não serem honestos usando do fator emocional, bem leiam o texto deles que vocês vão entender.

Em tempos de conexões superficiais e relacionamentos “fast food”, ouvir alguém te incluindo em alguma coisa que vá durar mais do que aquele encontro é um bálsamo para as feridas. Isso porque sendo bem sincera, quando eu conheço uma pessoa não tenho perspectiva nenhuma de que talvez haja um segundo encontro e não porque eu não queira, mas primeiro porque prefiro não criar expectativas e segundo porque não sou convencida a ponto de me achar tão interessante que entre várias opções a pessoa vá querer perder tempo comigo.

E tem o fator também de que se você opta por transar com o cara, a chance dele não te procurar de novo é de 80% com o restante sendo a chance dele te procurar apenas para sexo. Pessimista eu sei, mas estabelecer uma conexão sincera e com algum nível de profundidade (mesmo que apenas para amizade) é como ganhar na loteria. Poucos tem essa sorte.

Maaaasssss o texto não é pra falar sobre isso, mas sim pra falar sobre o outro lado da moeda. Os homens que chegam logo de cara te acertando com uma voadora do peito.

Estou me referindo aos traumatizados aquele cara que chega dizendo logo de cara, que não quer saber de nada sério, que já passou por muita coisa e talz. Isso é extremamente broxantte!!!

Sabe não é porque você conheceu a pessoa agora que vai querer namorar e casar com ela, mas existe todo um lado da conquista que é a parte mais gostosa quando estamos conhecendo alguém. E é desanimador sair com alguém que não está aberto a ser conquistado, entende? É  uma sensação de que nada do que fizer vai ser bom o bastante então melhor nem ver de novo.

Ninguém gosta do que é previsível, a gente gosta do que é desafiador. Mas não do tipo “não quero namorar, tente”. Se esforçar para  conquistar alguém que não quer ser conquistado pra mim é masoquismo.

Não é fugindo de relacionamentos que resolvemos nossas inseguranças

Todo mundo tem traumas, eu mesma tenho vários que vou precisar trabalhar ao longo dos meus relacionamentos futuros. Mas eu me permito, posso não fazer planos para o futuro (apenas porque como eu disse difícil criar expectativas no mundo de hoje), maaaaasss estou disposta a abrir uma fresta no meu coração pra quem quiser se aventurar nele (uma fresta porque a porta inteira a pessoa tem que conquistar).

O que não me conforma é o fato de os caras acharem que toda mulher, necessariamente,  quer namorar, “encoleirar”, submeter o homem. Sentir medo é normal, compreensível, estar na defensiva é natural tem gente que já foi tão sufocada em relacionamentos passados e já abriu mão de tanta coisa que prefere não se relacionar e manter uma relação superficial por conta disso.

Eu mesma, tem coisas que eu não aceitaria hoje em um novo relacionamento, mas mesmo apesar de tudo que passei avaliando de modo geral não foi de todo ruim, sobretudo porque me preparou para o próximo relacionamento estável e completo que um dia ainda vou pretendo ter. Fui lapidada em questões como ceder, compartilhar, cuidar, amar. E se fundamental é mesmo o amor, a fila do banco, a praia, as festinhas e os amigos dos amigos estão aí para jogo.

UPDATE***

Vou colocar aqui um trecho da minha conversa com o Rafael Armano, a opinião dele pra mim condiz muito com parte do que eu penso, e percebi com isso que às vezes dizer como a pessoa deve agir/ser que padrão seguir, ou mesmo o que fazer é errado, porque o que se aplica a você não necessariamente funciona para o outro. O que deu origem a essa conversa na verdade foi esse texto aqui. Mas achei que ia combinar com o que eu acabei de escrever, porque no fundo o que eu estou dizendo sobre não ser traumatizado não funciona pra todos e não incomoda todas as mulheres então é uma ótima reflexão sobre as fórmulas que criamos para dizer como as coisas devem ser e se vão dar certo.

Rafael Armano:  A gente tem uma ideia implantada de que o amor é o estado padrão. Na verdade ele é a exceção. Encontrar o amor é uma sorte, é fugir do comum, do normal. As pessoas usam dating como estratégia pra achar o próximo príncipe encantado, e aí acham que a pessoa querer sexo, ou não querer compromisso é uma ofensa. Se TODO MUNDO tivesse a mentalidade que eu tô falando, ninguém esperaria nada, e só quando desse MESMO certo é que viraria algo. E enquanto não vira, tudo bem você dar uns beijinhos, fazer um cafuné, só trepar ou só ligar pra conseguir qualquer um desses por uma noite. Isso não é errado, isso é o normal.

Viviane Leone: mas acho que tudo isso deve ser feito da forma mais honesta possível, pra pessoa que não está buscando o mesmo que você não se machucar ou criar expectativas.

Rafael Armano: Se 95% das pessoas se recusa a sair se não for pra casar. Fatalmente vai ter gente fazendo joguinho. 

Viviane LeoneVocê não acha que ao afirmar isso, você está sendo como as pessoas que afirma mentalmente programadas? Não é errado supor que toda mulher está em busca de um relacionamento sério?

Rafael Armano: A regra é não ter regrasEu não disse que toda mulher está atrás disso. Eu conheço um monte que não. Mas é a tendência, a maioria. Na verdade eu falei que PESSOAS na maioria estão assim, nada de mulheres hshahaha. Mas eu não nego que isso se aplique especialmente às mulheres. Não porque é do gênero nem nada, mas porque existe uma pressão social muito grande pra que elas se comportem dessa forma. É uma maneira de castrar a mulher, de tirar dela o direito ao corpo. Porque se o corpo da mulher não é dela, ele é público. É muuuito perverso. Se todo mundo partir do princípio que tá todo mundo vivendo o presente, quem é de namoro fica com quem é de namoro, quem é de trepada fica com quem é de trepada, e quem não é de nada fica jogando videogame. Na pior das hipóteses, é um datezinho que não deu certo. E se todo mundo estiver presente no presente, vai achar vantagem, e não desperdício nisso.

Viviane Leone:   O lance seria não se preocupar com o futuro, não ficar buscando fórmulas certas e curtir o aqui e agora?

Rafael Armano: O lance é o seguinte: vamos assumir que todo mundo tem direito a querer o que quiser. Mas de verdade. E aí todo mundo pode se sentir à vontade pra assumir o que realmente tem vontade e ser sincero com os outros sobre isso.

 

Sobre ser uma pessoa passivo agressiva

tumblr_lsf1mo3Ieb1qlxnsko1_500

Estar de TPM e sem saco para pessoas fez eu refletir profundamente sobre meu comportamento. Acabei “desabafando” no Facebook, porque sou o tipo de pessoa que costuma guardar tudo que incomoda pra si até a hora de explodir. Costumo dizer que sou uma granada, mas fiquei me questionando se isso não seria também um sintoma de um comportamento passivo agressivo. Então fui pesquisar pra ver em quais aspectos me enquadrava.

Um dos sintomas: 

As pessoas passivas tendem a culpar os outros por sua própria infelicidade. Não se responsabilizam pelo que acontece em suas vidas e pela qualidade de seus relacionamentos. Em geral, quando algo lhes desagrada, ficam em silêncio. Não falam abertamente o que sentem (AIIII ESSA DOEU)

Essa posição de sofredor calado, vítima retraída, no entanto, é ilusória. Em geral, essas pessoas são tão responsáveis pelos conflitos e desgastes dos relacionamentos quanto os agressores mais abertos, diretos.

Indivíduos passivos têm modos sutis de punir o outro. Uma esposa passiva pode, por exemplo, esquecer de comprar a comida favorita do marido. Um marido passivo pode sabotar as relações sexuais, vendo TV até tarde ou trabalhando em excesso.

Ok, me identifico com essas coisas aí, mas é algo bem involuntário porque na verdade eu preferia ser o tipo que grita, que xinga (não que isso seja certo), que vomita tuuuuuudo que está sentido porque pessoas assim não costumam remoer e guardar sentimentos negativos.

Uma pesquisa de cientistas espanhóis da Universidade de Valência. De acordo com o estudo, expressar a raiva aumenta o fluxo de sangue na região do cérebro ligada à felicidade. Portanto, desabafar nos momentos de fúria é mais vantajoso para a saúde do que não demonstrar para os demais o seu descontentamento.

O médico Neus Herrero, da Universidade de Valência, que liderou o estudo, disse que essa região costuma ser associada às emoções positivas, enquanto o lado direito é relacionado aos sentimentos ruins. “Houve ainda alterações no lóbulo frontal e temporal”, explicou. O primeiro é a região cerebral que controla os centros motores e comportamentais e o segundo é responsável por controlar as emoções e a memória.

Ouuuuuuuuu sejaaaaaaaaaaa: “Perder o controle” ao ficar com raiva faz bem.

“Ah Vivi, mas como eu mudo esse meu jeito?”

Sinceramente, se descobrir me avisa. Como eu disse, ando refletindo muito e tentando me encontrar e trabalhar esse lado toxico. Mas ainda não tenho todas as respostas.

Já ouvi falar sobre terapia, mas acho que isso nada mais é do que olhar pra dentro de si mesmo e entender causa e efeito, não estou anulando a terapia não viu gente, mas o exercício de reflexão acho que podemos fazer por conta. E isso implica em ser verdadeiro em um grau bem profundo, é fato comprovado que procuramos constantemente justificar nossas experiências, para que façam sentido para nós. Em outras palavras, temos o hábito de mentir a nós mesmos para fazer o mundo parecer um lugar mais lógico e harmonioso ou mesmo para justificar nossa insatisfação, lembra o sintoma de culpar os outros? Então é tipo isso.

Você já ouviu falar na “cegueira a mudanças”? Então é um fenômeno, que mostra como somos seletivos em relação ao que apreendemos em qualquer cena visual dada. Parece que nos pautamos muito mais do que talvez imaginemos pela memória e o reconhecimento de padrões. Tá mas e daí Vivi???? E daí que nem sempre prestamos atenção em tudo que está a nossa volta, no contexto, nem sempre olhamos o todo, olhamos apenas um fragmento que às vezes é só o que nos convém. Nos prendemos em detalhes que podem causar a nossa infelicidade e esquecemos da parte boa.

O que eu to querendo dizer é que, eu constantemente fico remoendo algo que um amigo ou amiga disse que me magoou, mas esqueço de todas as coisas boas que aquela pessoa já me proporcionou por causa desse simples detalhe e por causa da minha falta de capacidade de dizer para ele/ela que aquilo me incomodou.

Por “sorte” depois do meu “desabafo” na rede social, um dos meus amigos veio falar comigo porque a namorada dele se sentiu mal de ficar me zoando em um encontro, e na verdade aquilo me deu a oportunidade de dizer que na verdade as brincadeiras dele que me incomodavam, porque às vezes elas passavam dos limites e por isso eu deixava de ir nos encontros marcados. Falar sobre como isso me afetava fez eu tirar um peso das costas e me deu um alivio inimaginável, agora só falta exercitar com todas as outras pessoas hehe.

 

Minha solidão me faz companhia

escrevendo

Eu queria dizer que sou o tipo de pessoa que adora fazer coisas sozinhas tipo, ir ao cinema, ir ao parque. Mas não sou, eu gosto mesmo de compartilhar esses momentos com as pessoas. Porque eu quero contar quando vir algo incrível que não vai dar tempo de fotografar, quero ouvir uma risada gostosa quando for com alguém ver aquele filme comédia.

Mas isso não quer dizer que eu não saiba ou não goste de ficar sozinha. É assim que passo a maior parte do tempo, e você pode até falar que conversar com as pessoas no Whatsapp é uma baita trapaça da minha parte, mas na maior parte do tempo eu deixo o celular de lado e fico ligada só em mim mesma.

O tipo de relacionamento que eu tenho comigo, é o que quero ter com outras pessoas. Essa coisa de querer estar junto, mas saber respeitar seu tempo e seu espaço. De se aprofundar nas origens dos medos, apenas pra ficar ali refletindo e tentando entender o por que de cada um.

Outro dia umas amigas disseram que eu pareço velha só porque eu não quis ir pra balada. “Mas é open bar e você vai poder descansar o feriado inteiro”. Ser uma pessoa que mora sozinha e tem responsabilidades e obrigações faz de mim uma pessoa rotulada de velha.

Preferir fazer faxina em casa, pintar a unha e cuidar do meu cabelo, faz de mim alguém velha. Não querer gastar meu dinheiro com balada todo santo mês, também faz de mim alguém velha. Não querer parcelar o Oktoberfest em várias vezes só porque está “muito barato”, faz de mim alguém velha. Então prefiro ser alguém “velha” mas ciente das minhas responsabilidades (muitas que não compartilho com ninguém), tanto financeiras quanto mentais. Do que fazer algo no embalo dos outros e me fuder arrepender mais pra frente.

Agora mesmo estão na cozinha falando de mim (super alto). Falando de como eu sou na balada, do fato de eu fazer amizade com os gays e não sei mais o que porque eu coloquei os fones.

É engraçado que algumas pessoas pensam que eu realmente só fico em casa e não faço mais nada da vida, pode ser que eu transpareça isso. Mas eu saio, eu me divirto, da minha forma, à minha maneira, com quem eu quero e no MEU TEMPO.  Não é que eu acho ruim as pessoas quererem a minha companhia, mas falta maturidade muitas vezes de se colocar no lugar do outro, e respeitar o não que foi dito.

Hoje eu recuso convites de amigos, eu falo que vou eu não vou e isso é péssimo, mas eu respeito a minha própria indisponibilidade, meus limites. E a parte de falar que vou e não ir estou trabalhando pra melhorar.

Também não me preocupo tanto sobre como as pessoas vão interpretar as minha recusas, ou ações. Se vai parecer pouco caso o que eu digo, esnobe, ou se vai parecer carente. Antes eu achava que se o interlocutor não entendia a mensagem o problema era a forma como eu estava falando, mas a verdade é que cada um entende as coisas como bem lhe convém, então eu apenas desencano.

Por isso eu sempre volto a falar da empatia  que nada mais é do que a capacidade, muitas vezes que nasce da simples boa vontade, de se colocar no lugar do outro e compreender as coisas a partir do ponto de vista alheio. Vivemos, em geral, voltados demais para nossas próprias perspectivas e carecemos de uma avaliação mais fiel, justa e sensível da realidade das pessoas que estão ao nosso redor.

Me permito o compromisso de estar descompromissada, de eventos sociais, de relacionamentos, de convenções. Eu ainda cultivo minhas flores, mas como pássaro e não mais como jardineiro. A diferença é que eu lanço as sementes e espero a natureza fazer o resto, não fico ali contando os dias pra ela desabrochar.

Já falei nesse outro texto, sobre como a solidão é importante, inclusive comprovado cientificamente.

Alguns fatos interessantes e esclarecedores (que podem te ajudar a sair da solidão ou a entendê-la se for o caso):

  • Seu cérebro é programado para acreditar que todo mundo está olhando para você.  A ciência tem mostrado que nossos cérebros são programados para assumir que as pessoas estão olhando para nós, mesmo se elas olharem apenas vagamente em nossa direção. Pesquisadores da Universidade de Sydney (Austrália) fizeram um estudo no qual voluntários olhavam para fotografias de rostos e deviam dizer para que lado os fotografados estavam olhando. Nos casos em que a resposta não era óbvia – em que a imagem estava borrada ou as pessoas estavam usando óculos escuros – os participantes tendiam a assumir que os rostos estavam olhando diretamente para eles.
  • Você precisa de olhos em você para mudar a si mesmo para melhor.  A ciência tem mostrado que, se as pessoas têm uma opinião sobre você, então a sua personalidade real, muitas vezes, muda para refletir isso. A mudança não vem (apenas) de dentro, ela vem do olhar fulminante e inquisitivo das pessoas ao seu redor.
  • Falar com estranhos é mais gratificante do que você pensa. A ciência ficou curiosa sobre esses diálogos, então, ao longo de uma série de estudos, instruiu indivíduos a ter uma conversa com um completo estranho ou seu parceiro romântico. Surpreendentemente, as interações com os estranhos foram muito mais gratificantes do que qualquer um dos participantes esperavam.
  • Preocupação e autocontrole utilizam o mesmo conjunto de recursos do cérebro. Para provar isso, pesquisadores colocaram as pessoas em um ambiente social com um bando de estranhos e pediram para que elas se comportassem normalmente ou agissem como idiotas narcisistas e constantemente falassem sobre si mesmas. Em seguida, fizeram alguns testes após o experimento. Descobriu-se que aqueles que tinham sido instruídos a sair da sua zona de conforto e serem mais arrogantes em uma sala cheia de estranhos tinham mais dificuldade em responder a problemas de matemática, e ainda quase não tiveram reação quando assistiram um filme emocional. Eles haviam sido colocados em uma situação de alta pressão, e isso consumiu todo o combustível de seus cérebros.
  • Fazer novos amigos é mais fácil do que você pensa. Um editor do site Wired decidiu fazer um estudo parecido improvisado em 2011, usando fundadores de negócios, executivos e pessoas de departamentos criativos de empresas como sujeitos. Os mesmos resultados foram encontrados! Assim, verifica-se que, mesmo quando violentamente discordamos entre nós sobre os próprios fundamentos da sociedade, ainda podemos interagir positivamente. (Pessoalmente, é claro. Isso ainda é absolutamente impossível na internet)
  • Você conversa melhor do que você imagina. A investigação científica tem mostrado que a conversa média contém cerca de 10 silêncios constrangedores por minuto. Este número inclui todas as vezes que você foi obrigado a dizer “Uhh…” ou “Hum…”, enquanto seu cérebro freneticamente lutava para completar a frase que você começou. Isso prova que silêncios constrangedores não são um resultado de sua inépcia pessoal para conversas – esse é o nível básico de constrangimento de toda a humanidade. A notícia é ainda melhor. Acontece que essas pausas estranhas na verdade fazem você parecer mais normal e passam mais confiança para outras pessoas [Cracked]

 

TER AMOR PRÓPRIO E AUTOESTIMA, SIGNIFICA NÃO QUERER MUDAR NADA EM VOCÊ?

youbeauty-arms

Eventualmente eu reproduzo textos aqui no blog que de alguma forma me inspiram e que eu acho que merecem mais do que um simples #share na semana.  Então aqui vai o texto da Nuta Vasconcellos.

Durante toda a minha infância e adolescência, eu nunca fui feliz com o meu corpo. Outro dia, arrumando minha caixa de recordações, encontrei um diário meu de 1995 em que eu escrevi: “Amanhã começo a dieta para ser igual a todas as minhas amigas”. Aquilo me deu um aperto no coração. Em 1995, eu tinha apenas 10 anos, muito nova para me sentir tão diferente de meninas de 10 anos como eu, muito nova para achar que eu precisava mudar para me encaixar.

Sempre fui mais alta que minhas amigas, mais gorda e a única calçando 39. Quando olhava para elas, abria as revistas ou assistia TV, eu nunca me via ali. Cresci “sabendo” que beleza, não era um dos meus atributos, afinal, tudo que representava beleza, eu não me via representada lá. A primeira vez que comecei uma dieta eu tinha apenas 10 anos de idade e desde então, durante toda a minha infância e adolescência isso foi uma constante na minha vida. Dietas, tentativas de me exercitar, engorda, emagrece, toma remédio… enfim, contei sobre isso no post “Nem gorda, nem magra“.

Durante todo esse processo eu ganhei estrias, celulites, flacidez, flacidez nos seios, flacidez nos braços…. Cada dia mais e mais longe do que a mídia me dizia que era bonito. Eu não me achava digna de sair nas fotos com as amigas, não me sentia digna de ir para a piscina, de usar as roupas que eu gostava. Eu não me achava digna de dar mole para o garoto que eu achava gato, não me sentia digna de dançar em público, de colocar um biquini. Veja bem, eu não me sentia DIGNA, o que é totalmente diferente de não sentir vontade. Eu sentia vontade de fazer tudo isso, eu sofria e tinha criado pra mim a regra que eu “não podia” porque não estava dentro do padrão das pessoas que eu via na TV e nas revistas. Eram essas pessoas, da TV e das revistas que usavam biquini, que namoravam, que se exibiam. Portanto, eu deveria me esconder. Quando você acha que não é digna, que tem que se esconder, você passa a se odiar. Odiar o fato de estar presa àquele corpo que não pode viver plenamente.

Eu fui crescendo, mudando meus valores, minhas referências, fui me tornando feminista, descobrindo toda a podridão que cerca a mídia e a indústria cosmética, que se alimenta da baixa autoestima para vender e fui percebendo que éramos todas bonitas. Cada uma com sua particularidade, pontos fortes, mas que ninguém era perfeito, nem mesmo aquelas modelos da capa da VOGUE. Foi um processo até perceber que sim, eu era digna de ser feliz. Que ter celulites, estrias e flacidez era normal e que outras garotas também tinham e se não tinham, com certeza tinham algo que não gostavam nelas também.

Percebi que nada disso era motivo para tortura, para sofrimento. E que meu corpo, era meu e que eu nunca viveria dentro de nenhum outro. Eu não podia odiá-lo. E que a minha vida, era minha, e que eu não poderia deixar ela passar e não viver. Então, de pouquinho e pouquinho, fui mudando meu comportamento e me sentindo livre para aproveitar as coisas que sempre quis. Comecei a reparar e valorizar mais as coisas que eu gostava em mim. Meus cabelos, minha boca, minhas pernas, minha personalidade. E que eu não era só as coisas que eu considerava “defeitos”, como meus braços, meus seios ou meus pés. Autoestima pra mim é isso. É saber que você tem seu valor, sua beleza e principalmente que o amor próprio é essencial para ter uma existência  saudável.

Mas isso significa que eu não quero mudar nada em mim? Se amar é essa ideia radical de que se você se submeter a qualquer procedimento, ou dieta não é exemplo de autoestima? De amor próprio? Estou falando disso porque comecei a pensar sobre depois de sempre ver comentários do tipo: “Fulana não é exemplo de empoderamento, faz plásticas”, “sicrana não é exemplo de amor próprio, tá de dieta”. Mas pera aí. Eu amo incondicionalmente a minha mãe. Eu amo meu namorado, amo meus amigos. Mas se eu pudesse, mudaria várias coisas neles. Não esteticamente, o que quero dizer é que AMAR algo não significa achar que aquela coisa deve ser imutável.

Se amar, ter autoestima na minha opinião é saber que você é DIGNA. É saber que se você quiser mudar algo em você é porque VOCÊ deseja e não porque é o que a revista diz, ou porque seu namorado prefere você de cabelos compridos, ou sua mãe acha que você precisa de uma dieta. É ir malhar, não porque você odeia o seu corpo e quer mudá-lo, mas porque você o ama e sabe que se exercitar faz bem pra ele. Se amar, na minha opinião é saber que você até faria uma plástica nos seios, mas não significa que se você não fizer, não vai usar biquini ou ficar nua na frente do seu namorado, ou se olhar no espelho e se achar feia.

Eu quero mudar um monte de coisas em mim. Acho irreal e não humana a ideia de que um dia a gente possa estar 100% satisfeita com quem somos. Digo isso tanto fisicamente, quanto mentalmente, profissionalmente. A gente sempre tem o desejo de mudar algo, em algum campo, melhorar algo, aperfeiçoar. Isso é do ser humano, o que é maravilhoso! Afinal é por causa dessa insatisfação humana que evoluímos em tantos campos da tecnologia e ciência por exemplo.

A Nuta de 10 anos queria mudar, a de hoje, também quer. A diferença é que a de hoje não quer para agradar ninguém, pra se encaixar em nenhum grupo, pra ser digna de nada. A Nuta de 10 anos de idade estava começando a se odiar, um sentimento que eu levei e alimentei durante muitos anos. A de hoje quer mudar porque se ama, porque acha que é digna. Hoje vejo que o corpo é meu e as regras são minhas, inclusive para mudanças. Hoje eu sei que vou me amar com as pessoas me classificando como gorda, como magra, como bonita, como feia… Vou viver do mesmo jeito, aproveitar a vida do mesmo jeito. Mas eu quero ser livre para me experimentar como EU quiser. E se eu quiser fazer dieta pra isso vou fazer, se eu quiser fazer plástica para isso vou fazer. E se eu não quiser, e sentir vontade de comer uma pizza inteira, eu vou comer e ninguém tem nada a ver com isso.

O que constrói uma mulher segura, com amor próprio não é o fato dela ter ou não plásticas, de ela fazer dieta ou não, dela fazer tratamento de celulites ou não. O que constrói uma mulher segura é o fato dela saber quem ela é e o que ELA quer. E continuar se amando, antes, durante e depois de qualquer processo. É saber que toda mudança que você deseja fazer, tem que ser fruto do amor próprio e não do ódio. Afinal, em qualquer peso, com qualquer pele, com qualquer cabelo, você é sempre, sempre digna.