Minha solidão me faz companhia

escrevendo

Eu queria dizer que sou o tipo de pessoa que adora fazer coisas sozinhas tipo, ir ao cinema, ir ao parque. Mas não sou, eu gosto mesmo de compartilhar esses momentos com as pessoas. Porque eu quero contar quando vir algo incrível que não vai dar tempo de fotografar, quero ouvir uma risada gostosa quando for com alguém ver aquele filme comédia.

Mas isso não quer dizer que eu não saiba ou não goste de ficar sozinha. É assim que passo a maior parte do tempo, e você pode até falar que conversar com as pessoas no Whatsapp é uma baita trapaça da minha parte, mas na maior parte do tempo eu deixo o celular de lado e fico ligada só em mim mesma.

O tipo de relacionamento que eu tenho comigo, é o que quero ter com outras pessoas. Essa coisa de querer estar junto, mas saber respeitar seu tempo e seu espaço. De se aprofundar nas origens dos medos, apenas pra ficar ali refletindo e tentando entender o por que de cada um.

Outro dia umas amigas disseram que eu pareço velha só porque eu não quis ir pra balada. “Mas é open bar e você vai poder descansar o feriado inteiro”. Ser uma pessoa que mora sozinha e tem responsabilidades e obrigações faz de mim uma pessoa rotulada de velha.

Preferir fazer faxina em casa, pintar a unha e cuidar do meu cabelo, faz de mim alguém velha. Não querer gastar meu dinheiro com balada todo santo mês, também faz de mim alguém velha. Não querer parcelar o Oktoberfest em várias vezes só porque está “muito barato”, faz de mim alguém velha. Então prefiro ser alguém “velha” mas ciente das minhas responsabilidades (muitas que não compartilho com ninguém), tanto financeiras quanto mentais. Do que fazer algo no embalo dos outros e me fuder arrepender mais pra frente.

Agora mesmo estão na cozinha falando de mim (super alto). Falando de como eu sou na balada, do fato de eu fazer amizade com os gays e não sei mais o que porque eu coloquei os fones.

É engraçado que algumas pessoas pensam que eu realmente só fico em casa e não faço mais nada da vida, pode ser que eu transpareça isso. Mas eu saio, eu me divirto, da minha forma, à minha maneira, com quem eu quero e no MEU TEMPO.  Não é que eu acho ruim as pessoas quererem a minha companhia, mas falta maturidade muitas vezes de se colocar no lugar do outro, e respeitar o não que foi dito.

Hoje eu recuso convites de amigos, eu falo que vou eu não vou e isso é péssimo, mas eu respeito a minha própria indisponibilidade, meus limites. E a parte de falar que vou e não ir estou trabalhando pra melhorar.

Também não me preocupo tanto sobre como as pessoas vão interpretar as minha recusas, ou ações. Se vai parecer pouco caso o que eu digo, esnobe, ou se vai parecer carente. Antes eu achava que se o interlocutor não entendia a mensagem o problema era a forma como eu estava falando, mas a verdade é que cada um entende as coisas como bem lhe convém, então eu apenas desencano.

Por isso eu sempre volto a falar da empatia  que nada mais é do que a capacidade, muitas vezes que nasce da simples boa vontade, de se colocar no lugar do outro e compreender as coisas a partir do ponto de vista alheio. Vivemos, em geral, voltados demais para nossas próprias perspectivas e carecemos de uma avaliação mais fiel, justa e sensível da realidade das pessoas que estão ao nosso redor.

Me permito o compromisso de estar descompromissada, de eventos sociais, de relacionamentos, de convenções. Eu ainda cultivo minhas flores, mas como pássaro e não mais como jardineiro. A diferença é que eu lanço as sementes e espero a natureza fazer o resto, não fico ali contando os dias pra ela desabrochar.

Já falei nesse outro texto, sobre como a solidão é importante, inclusive comprovado cientificamente.

Alguns fatos interessantes e esclarecedores (que podem te ajudar a sair da solidão ou a entendê-la se for o caso):

  • Seu cérebro é programado para acreditar que todo mundo está olhando para você.  A ciência tem mostrado que nossos cérebros são programados para assumir que as pessoas estão olhando para nós, mesmo se elas olharem apenas vagamente em nossa direção. Pesquisadores da Universidade de Sydney (Austrália) fizeram um estudo no qual voluntários olhavam para fotografias de rostos e deviam dizer para que lado os fotografados estavam olhando. Nos casos em que a resposta não era óbvia – em que a imagem estava borrada ou as pessoas estavam usando óculos escuros – os participantes tendiam a assumir que os rostos estavam olhando diretamente para eles.
  • Você precisa de olhos em você para mudar a si mesmo para melhor.  A ciência tem mostrado que, se as pessoas têm uma opinião sobre você, então a sua personalidade real, muitas vezes, muda para refletir isso. A mudança não vem (apenas) de dentro, ela vem do olhar fulminante e inquisitivo das pessoas ao seu redor.
  • Falar com estranhos é mais gratificante do que você pensa. A ciência ficou curiosa sobre esses diálogos, então, ao longo de uma série de estudos, instruiu indivíduos a ter uma conversa com um completo estranho ou seu parceiro romântico. Surpreendentemente, as interações com os estranhos foram muito mais gratificantes do que qualquer um dos participantes esperavam.
  • Preocupação e autocontrole utilizam o mesmo conjunto de recursos do cérebro. Para provar isso, pesquisadores colocaram as pessoas em um ambiente social com um bando de estranhos e pediram para que elas se comportassem normalmente ou agissem como idiotas narcisistas e constantemente falassem sobre si mesmas. Em seguida, fizeram alguns testes após o experimento. Descobriu-se que aqueles que tinham sido instruídos a sair da sua zona de conforto e serem mais arrogantes em uma sala cheia de estranhos tinham mais dificuldade em responder a problemas de matemática, e ainda quase não tiveram reação quando assistiram um filme emocional. Eles haviam sido colocados em uma situação de alta pressão, e isso consumiu todo o combustível de seus cérebros.
  • Fazer novos amigos é mais fácil do que você pensa. Um editor do site Wired decidiu fazer um estudo parecido improvisado em 2011, usando fundadores de negócios, executivos e pessoas de departamentos criativos de empresas como sujeitos. Os mesmos resultados foram encontrados! Assim, verifica-se que, mesmo quando violentamente discordamos entre nós sobre os próprios fundamentos da sociedade, ainda podemos interagir positivamente. (Pessoalmente, é claro. Isso ainda é absolutamente impossível na internet)
  • Você conversa melhor do que você imagina. A investigação científica tem mostrado que a conversa média contém cerca de 10 silêncios constrangedores por minuto. Este número inclui todas as vezes que você foi obrigado a dizer “Uhh…” ou “Hum…”, enquanto seu cérebro freneticamente lutava para completar a frase que você começou. Isso prova que silêncios constrangedores não são um resultado de sua inépcia pessoal para conversas – esse é o nível básico de constrangimento de toda a humanidade. A notícia é ainda melhor. Acontece que essas pausas estranhas na verdade fazem você parecer mais normal e passam mais confiança para outras pessoas [Cracked]